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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Porque o mínino não é suficiente

Transexual



Transsexual

“Nós, transexuais, nascemos e crescemos sozinhos. Após a cirurgia de mudança de sexo, nascemos de novo, mas novamente sozinhos. E, depois, morremos solitários também.”

“A escolha é entre ser infeliz para sempre ou tentar ser feliz.”

“A família torcia para eu ser gay, seria mais fácil”

"A maior parte das trans é prostituta porque não tem outra escolha. Muitas são tão desesperadas que se tornam trans porque sabem que assim ganharão mais. Devastam seu corpo e sua identidade por fome, vítimas da miséria e do preconceito."

As frases acima são da top model brasileira - e transexual - Lea T, ainda Leandro Cerezo na documentação. Para quem não sabe, Lea T. desfilou para o estilista Alexandre Herchcovitch na São Paulo Fashion Week no último dia 29, o que obviamente tornou-se motivo de notícias e opiniões. Confesso às xinelonas que não acompanhei a SPFW, nem mesmo tive curiosidade de clicar nas suas hashtags que apareceram no TT's, mas a história da moça me chamou bastante atenção.

Filha do ex-jogador de futebol Toninho Cerezo, que chegou à seleção brasileira em 1982 e atuou como técnico em diversos clubes, a relação de Lea e seu pai já ganhou destaque anteriormente. Há sites que afirmam que Toninho Cerezo não assumiu ser pai da top Lea T., mas sim que tem quatro filhos, entre eles Leandro. Logo em seguida o irmão de Lea, Gustavo, diz que o pai desconhece o sucesso da irmã, mas que a família apóia sua decisão. A própria Lea desmente a versão de problemas com o pai, têm uma relação distante mas sem conflitos. Mas enfim xinelonas, são fofoquinhas que levam a - quase - nada, prefiro ficar com a opinião da própria Lea.

Apesar de pouco conhecida no Brasil - eu desconhecia - Lea T. tem conquistado relativo sucesso internacional, especialmente na Itália. Dando um Ctrl + C / Ctrl + V numa matéria do Estadão sobre ela, eis que surge o seu currículo:
"Capa da revista Love (na qual beija Kate Moss), estrela da Givenchy, e a it girl de Riccardo Tisci (amigo e diretor criativo da grife que a alçou ao estrelato), perfilada pela Vanity Fair italiana e a Vogue francesa, entrevistada pela Oprah Winfrey."
Ah, a moça ainda foi listada no site Models.com, um ranking que elenca por ordem de influência as modelos da atualidade, onde ela ocupa a 40ª posição.

mulheres se beijando

Mas confesso que algumas coisas que vi e li ao pesquisar sobre ela me deixaram pensativa. A primeira delas é uma certa omissão de alguns sites e jornais nacionais sobre sua participação na SPFW. Não parece estranho uma modelo notável no exterior ganhar somente poucas linhas? Ou então se concentrarem apenas em falar da sua condição trans, e não avaliar devidamente seu trabalho? Algumas xinelonas até ousariam dizer que parece preconceito... E infelizmente tem sido assim minhas caras amigas, nossa orientação sexual é discutida em primazia, depois vem as competências profissionais, sociais, caráter... E nem é preciso dizer o quanto isso é injusto.

Outro fato que me deixou intrigada foi o tom de algumas declarações de Lea. “Nós, transexuais, nascemos e crescemos sozinhos. Após a cirurgia de mudança de sexo, nascemos de novo, mas novamente sozinhos. E, depois, morremos solitários também.” Essa frase em especial, parece repleta de pessimismo e aceitação do mínimo que a sociedade pode nos oferecer. Mas confesso que entendo o sentimento que ela transparece, do meu ponto de vista. Às vezes a pessoa é tão ofendida moralmente, rebaixada sem nem ao menos ser avaliada de modo imparcial, são tantas dificuldades impostas que passa a desacreditar que tudo pode melhorar, ser enfim justo. Lea T. se considera uma exceção simplesmente pelo fato de não ser obrigada a se prostituir, assim como tantas transexuais. E sinceramente, é até triste concordar com a constatação. Perceber como a dignidade de alguém, igual a mim, você e todos os outros, pode ser tão "facilmente" rompida.

"Leandro" fará a cirurgia onde oficialmente renascerá, agora como Lea T., e diz que essa é a escolha de tentar ser feliz, ao invés de ser infeliz para sempre. Me pareceu ser uma moça inteligente e realista, sabe que essa não será a solução para todos seus problemas. Passará a ter documentos com nome de mulher e ser poupada de alguns constrangimentos, mas possivelmente ainda ouvirá xingamentos e piadinhas de alguns preconceituosos. Não será agora que ela, nem nós, contaremos com o respeito total sobre quem somos. Mas sinceramente, não me importo tanto. Espero que a cada dia eu me sinta melhor comigo mesma, e que não me abata a ponto de aceitar o pouco que me oferecerem. Que cada uma de nós possa se aceitar, reconhecer e desenvolver o seu potencial, e exigir o melhor sempre.

Segue abaixo entrevista da Lea T. concedida à GNT, falando sobre sua cirurgia, relação com o Brasil, carreira, entre outros.




Matérias sobre Lea T:



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